Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
História |
Autor: |
Eugênio Vargas Garcia |
Titulação: |
Doutorado |
Ano de defesa: |
2001 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
A política externa brasileira na década de 1920 oscilou entre a América e a Europa de muitas maneiras. A partir de 1917, com a entrada na Primeira Guerra Mundial, a diplomacia brasileira iniciou fase de projeção mundial, expandindo seus horizontes para além do pan-americanismo. Na Conferência da Paz de 1919, o Brasil desempenhou papel modesto, mas, com o apoio norte-americano, conseguiu encaminhamento satisfatório a seus interesses. Em vista de inúmeras manifestações de apreço internacional, o governo Epitácio Pessoa avaliou que a posição do Brasil no mundo pós-Versalhes havia alcançado estágio exemplar. A aproximação com os Estados Unidos e a política de prestígio na Europa seriam emblemáticas dessa apoteose diplomática, que a Exposição Internacional do Centenário da Independência deveria refletir. A América do Sul, contudo, não encontrava espaço adequado nessa equação diplomática. Em 1923, na Conferência Pan-Americana de Santiago, o Brasil se viu em posição difícil em relação a seus vizinhos, que o acusavam de militarismo. O fato de que o governo brasileiro havia contratado duas missões militares no exterior contribuiu para aumentar a desconfiança, especialmente da Argentina. As relações com os Estados Unidos, do mesmo modo, não foram sempre amistosas, a exemplo da campanha de Hoover contra a valorização do café e, mais tarde, da recusa brasileira em aderir ao Pacto Briand-Kellogg. O pós-guerra também assinalou a importância que adquiria a diplomacia econômica para as chancelarias. A agroexportação estava no centro da atividade econômica, mas a política comercial brasileira carecia de maior agressividade. Quanto à competição estrangeira, o avanço norte-americano na economia brasileira colocou em nova perspectiva a concorrência com as potências européias e a disputa pelo mercado brasileiro atingiu níveis sem precedentes. A transição de poder entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha teve forte impacto no Brasil, notadamente quanto a comércio exterior, investimentos diretos e empréstimos. Apesar dos ganhos obtidos pelos Estados Unidos, que extraíram do Brasil um modus vivendi comercial em 1923, a Grã-Bretanha procurou manter perfil elevado no país, tanto no aspecto financeiro (Missão Montagu) quanto no comercial (Missão D'Abernon). A década terminaria, porém, com nítida vantagem para os interesses econômicos norte-americanos no Brasil. Na Liga das Nações, o governo Artur Bernardes se lançou em intensa campanha para a obtenção de um assento permanente no Conselho, cujo malogro conduziu o Brasil à retirada daquela organização em 1926. Ausente de Genebra e desligado das questões européias, o Brasil procurou refazer sua rede de amizades no continente americano, buscando uma reaproximação com países de seu entorno geográfico. O isolacionismo hemisférico marcou essa nova fase da política externa brasileira, de retorno à América e afastamento político da Europa. A década de 1920 foi, ainda, período de contestações e efervescência política no quadro interno. Contra as ameaças representadas pelo comunismo, pelos imigrantes "indesejáveis" e outros perigos externos, erigiu-se a diplomacia anti-revolução das oligarquias. Foi assim que, no combate às rebeliões tenentistas, o governo Washington Luís exerceu atenta vigilância na frente diplomática, preocupado com as ramificações do movimento insurrecional no exterior. Não obstante, em outubro de 1930 a revolução triunfava, encerrando uma época para a diplomacia brasileira. |
Orientador: |
Amado Luiz Cervo |
Palavras-chave: |
Política externa brasileira; Década de 1920 |