Instituição de ensino: |
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
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Programa: |
História |
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Autor: |
José Adilçon Campigoto |
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Titulação: |
Doutorado |
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Ano de defesa: |
2000 |
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Link: |
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Resumo: |
Estudo sobre a linguagem da fronteira envolvendo a questão das tradições. Pode-se dividir os modos de compreender a linguagem no ocidente em grandes tradições. A primeira segue a proposta platônico-aristotélica e entende a linguagem como instrumento. Desta formam, a fronteira seria um objeto ao qual o pensamento contempla para depois comunicar, a essência do que foi visto. O sujeito pensamento coloca-se fora da linguagem para poder contempla as coisas e neste movimento, coloca-se a si mesmo, fora da história, porque considera-se não afetado pelas tradições, ou seja, pelos conhecimentos transmitidos. A segunda forma de tratar a linguagem parte do pressuposto de que não há pensamento fora da linguagem e que, por isto, a linguagem é o lugar onde o ser acontece. Resulta que a fronteira não se dá a conhecer senão por meio da e na linguagem. Portanto, a compreensão da linha de limites entre os países ocorre a partir das tradições, da linguagem sobre a fronteira. Is to caracteriza o seu acontecer, a sua historicidade. Para tratarmos da fronteira necessitamos tornar evidentes as tradições nas quais nos movemos se não quisermos nos deixar conduzir pela força da linguagem. Disto trata este trabalho, enquanto historiciza o lugar que se considera a fronteira entre Brasil e o Paraguai, na parte que comporta o Estado do Paraná. A fronteira ali se dá como um instrumento separante, linha que divide os povos ancestrais habitantes da América: os tupis e os guaranis. A tradição sobre esta separação ocorre a partir de estudos lingüísticos, da toponímia e da etimologia. Vincula-se ao Brasil Império e, na década de 40, quando surge o paranismo, os tupis são substituídos pelos caingangues. Na perspectiva da história diplomática, baseada no documento escrito, a fronteira acontece como resultado da luta dos diplomatas, dos militares e de administradores. A linha dos limites aparece como resultado de uma disputa na qual os bandeirantes desempenharam um papel equivalente ao dos diplomatas e militares. Nesta forma de acontecer da tradição, o documento escrito é considerado a evidência do que realmente aconteceu no passado da fronteira. A linguagem da história diplomática, assim com a das línguas e povos ancestrais, não é, em si, nova. Relaciona-se a antigos modos de narrativa que remetem às antigas narrativas da origem das civilizações como, por exemplo, às lutas dos deuses do Nilo para sobrevivência da civilização egípcia. Como a linha dos limites entre o Brasil e o Paraguai é representada por um rio, a linguagem sobre a fronteira ocorre conforme às antigas tradições referentes à esta entidade. O rio aparece como acidente geográfico, conforme as tradição cientificista. Também é representado sob a forma de lugar que demarca e contorna o território, dentro da tradição da geografia sagrada. Como lugar que estabelece os limites, liga-se à antiga tradição dos deuses romanos, especificamente a Terminus, o deus guardador do império. A fronteira ocorre na linguagem dos deuses rios conforme se percebe na estatuária imperial do Brasil. Os rios da Prata e o Paraná foram representados sob a forma de estátua. |
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Orientador: |
Elio Cantalício Serpa |
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Palavras-chave: |
hermenêutica; fronteira; migrações; cultura; |