Instituição de ensino: |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
Programa: |
Sociologia |
Autor: |
José Luiz Bica de Mélo |
Titulação: |
Doutorado |
Ano de defesa: |
2000 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
O objeto desta tese consiste na investigação do campo do poder na fronteira Brasil-Uruguai, orientado por um olhar sociológico que parte do espaço social agrário, mas que a ele não se reduz, buscando compreender como os conflitos sociais na esfera material e simbólica, constituem determinado campo do poder, sendo que a própria compreensão do que sejam (ou possam ser) as fronteiras reais e as fronteiras representadas é também objeto de uma luta, presente no terreno da ciência social e das disputas políticas. A partir da problemática campo do poder no espaço fronteiriço Brasil - Uruguai no contexto da globalização, o estudo foi orientado pelas seguintes hipóteses: Primeira: As lutas agrárias que se desenvolvem entre diferentes agentes sociais de ambos os países contribuem para manutenção de um processo conflitual que demonstra uma integração parcial na fronteira Brasil-Uruguai; Segunda: As lutas sociais e sobre as representações que ocorrem entre os agentes sociais nacionais estão relacionadas com aquelas lutas que se desenvolvem nos espaços nacional e supranacional e com as representações de fronteira dos grupos dominantes nesses mesmos espaços; Terceira: A representação da fronteira como lugar da igualdade e da liberdade individual contribui para a manutenção do campo do poder por parte dos agentes sociais detentores de maior volume de capital material e simbólico; Quarta: As situações de violência e de atividades criminalizadas, das quais o abigeato e o contrabando são indicadores, concorrem para a dificuldade dos processos de integração. A pesquisa realizada tendo como referencial teórico central o conceito de campo desenvolvido por Pierre Bourdieu e constou de levantamentos de fontes primárias e secundárias, incluindo-se levantamentos bibliográficos, reportagens de jornais de Livramento, Rivera, Montevidéu e Porto Alegre, bem como da realização de 30 entrevistas, nos anos 1997 e 1998, dezessete das quais foram gravadas e analisadas mediante o recurso do software NUD*IST. As conclusões revelam dois aspectos paradoxais. No primeiro caso, tem-se, de um lado um processo de modernização e desenvolvimento de atividades ligadas ao capitalismo em processo de globalização: empresas transnacionais adquirindo terra para forestación, empresas capitalistas de brasileiros e uruguaios produzindo arroz - importante produto nas trocas comerciais do Brasil e do Uruguai no MERCOSUL, comércio de free shop de Rivera proporcionando à aquisição de produtos do mercado internacional de bens de consumo. De outra parte, tem-se práticas sociais, políticas e econômicas que expressam a permanência de relações baseadas nas práticas clientelistas, no mandonismo e em diversos tipos de violência, incluindo-se formas pré-capitalistas de trabalho, principalmente no espaço agrário. O segundo paradoxo aponta para o fato de que o processo de integração, pelo desenvolvimento capitalista em processo de globalização, presente na região, não está sendo acompanhado por processos de integração nos espaços sociais locais. As disputas entre trabalhadores na esfera dos postos de trabalho, a fragilidade das organizações dos trabalhadores da região e a falta de ações coordenadas, mesmo entre as lideranças dos trabalhadores na região, demonstram que a integração regional, está distante das práticas sociais efetivas do espaço fronteiriço estudado. |
Orientador: |
José Vicente Tavares dos Santos |
Palavras-chave: |
Brasil; Uruguai; Espaço social agrário |