Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Economia |
Autor: |
Saulo Quadros Santiago |
Titulação: |
Doutor |
Ano de defesa: |
2016 |
Link: |
|
Resumo: |
Esta tese analisa a vulnerabilidade externa da América Latina, resultante da sua inserção periférica no cenário internacional e da participação no processo de globalização financeira, a partir da década de 1990, com maior ênfase para o México, o Brasil e a Argentina. Para isso, chama-se atenção, inicialmente, para os argumentos utilizados pelo referencial teórico ortodoxo em defesa da liberalização e da globalização financeira, enfatizando os benefícios ressaltados por eles, em termos de estabilidade e crescimento. Em seguida, contrapõe-se esta concepção com as ideias pós-keynesianas, adotadas por este trabalho, destacando-se o impacto que as variáveis monetárias e financeiras exercem sobre as variáveis reais e, por isso, a influência que os fluxos internacionais de capital apresentam sobre o desempenho macroeconômico doméstico. Desenvolve-se, então, o argumento de que o aumento da integração financeira, em escala mundial, tornam as economias nacionais suscetíveis a variações na preferência pela liquidez internacional, que se refletem em oscilações nas taxas de câmbio e de juros e nos preços dos ativos. Estas, por sua vez, ficam mais frequentes e bruscas, devido à ascensão do comportamento especulativo, proporcionada pela liberalização dos mercados mundiais e pelas inovações financeiras. Uma vez realizadas essas observações teóricas, é fornecida uma interpretação ampliada do sistema centro-periferia, a partir da síntese entre os referenciais teóricos pós-keynesiano e estruturalista, que permite particularizar os impactos da globalização financeira sobre as economias periféricas. Obtém-se, então, uma caracterização ampla destas economias, em particular, das latino-americanas, abrangendo suas especificidades reais, monetárias e financeiras. A partir disso, analisam-se a sua inserção periférica nos mercados globais, as suas consequências em termos de aumento da volatilidade macroeconômica, com efeitos sobre investimento, crescimento e emprego. Enfatiza-se que os países latino-americanos recorrem a financiamentos junto aos mercados externos, em face da dependência tecnológica em relação aos países centrais e do baixo grau de desenvolvimento dos sistemas financeiros domésticos. Ademais, argumenta-se que a reduzida liquidez de suas moedas resulta na emissão de dívidas externas denominadas predominantemente em moeda estrangeira e que a baixa competitividade autêntica dificulta a obtenção de divisas, em montante suficiente para honrar os compromissos externos. Ao final, verifica-se, a partir de dados empíricos, o elevado grau de exposição das economias da América Latina a variações na preferência pela liquidez internacional, obtendo evidências de que os países da região podem ser classificados como unidades especulativas ou mesmo Ponzi. |
Orientador: |
Adriana Moreira Amado |
Palavras-chave: |
Globalização financeira; Liquidez internacional; América Latina; PósKeynesianismo; Preferência pela liquidez; Estruturalismo. |