Instituição de ensino:

Universidade de Brasília (UnB)

Programa:

Desenvolvimento Sustentável

Autor:

Chiara Gentile

Titulação:

Doutor

Ano de defesa:

2016

Link:

http://repositorio.unb.br/handle/10482/20174

Resumo:

O movimento Slow Food, após mais de 25 anos do surgimento, atua hoje em nível internacional, promovendo sistemas de produção e comercialização de alimentos que visam a sustentabilidade ambiental e social, em prol de produtos típicos e de pequenos produtores. No Brasil, o Slow Food vivencia uma história peculiar e alcança uma difusão notável. Este trabalho tem por objetivos (1) a reconstrução e interpretação históricas do surgimento e da difusão do movimento Slow Food na Itália e no Brasil; (2) o estudo da aplicação prática dos princípios pregados pelo movimento, seu papel e sua contribuição em projetos de valorização de produções alimentícias visando o desenvolvimento local (projetos Fortaleza); (3) a identificação e análise dos fatores socioculturais, institucionais e históricos que favorecem ou obstam a evolução exitosa de projetos de desenvolvimento embasados na valorização de recursos e do capital social territoriais. A pesquisa histórica sobre origem e evolução do movimento nos dois países está baseada em fontes bibliográficas e em fontes orais primárias, por meio de entrevistas com testemunhas-chave. A análise dos projetos foi realizada a partir da seleção de oito estudos de caso (quatro projetos na Itália, quatro no Brasil), por meio de visitas em campo, entrevistas, material fotográfico e fontes escritas. Isto foi alcançado por meio de levantamento de dados quantitativos e qualitativos sobre a história e o andamento dos projetos e de histórias de vida dos atores envolvidos. Entre os resultados principais, destaca-se que: (a) a conscientização e a preocupação com os aspectos sociais, políticos e ambientais relativos ao alimento, a seus processos produtivos e à sua procedência, por parte do público consumidor no Brasil e na Itália, refletem a conjuntura histórica e econômica peculiar que cada um dos dois países atravessa, mas, apesar de diferenças estruturais e culturais substanciais, existem sinais de aproximação; (b) no Brasil, desde o princípio, a atuação do movimento Slow Food toma o caminho da parceria governamental oficial e da gestão vertical, com consequências específicas sobre a configuração e atuação do movimento; (c) no âmbito dos projetos locais, o Slow Food funciona como agente e catalisador de percursos de desenvolvimento territorial apenas em contextos onde sua intervenção é acessória e integradora, quando as redes e as atitudes socioculturais idôneas à valorização dos recursos locais preexistem e independem da atuação do Slow Food; (d) existem conjuntos de fatores de diversas naturezas que propiciam ou dificultam o bom andamento dos projetos, os quais estão estritamente ligados à presença/ausência de capacitação e cultura cívica. Com base nisso, foi possível concluir que o Slow Food, no Brasil, achou âmbitos de atuação apropriados, dando vida a formas autóctones do movimento; que existem alguns tópicos socioculturais transversais interligando o desdobramento dos projetos realizados na Itália e no Brasil e em suas diferentes regiões; que, em relação a isso, não existe pré-determinação de tipo cultural ou institucional, mas sim existem variáveis históricas influentes e, ao mesmo tempo, espaço para a mudança. E, ainda, que os maiores e mais ricos repositórios de capital social primordial são representados por relações da mesma tipologia daquelas que constituem os obstáculos principais para a realização de boas práticas e da comunidade cívica.

Orientador:

José Luiz de Andrade Franco

Palavras-chave:

Slow Food; Slow Food Brasil; projeto Fortalezas; desenvolvimento local; capital social; cultura cívica