Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Estudos Comparados sobre as Américas (Ceppac) |
Autor: |
Ailton Dias dos Santos |
Titulação: |
Doutor |
Ano de defesa: |
2014 |
Link: |
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Resumo: |
Ao longo dos anos 2000 os governos sul-americanos se engajaram na articulação de uma agenda de trabalho voltada para a integração da infraestrutura regional. Bancos de desenvolvimento como o BID, CAF, FONPLATA e BNDES passaram a atuar como mediadores qualificados, seja no processo de idealização e planejamento da integração,seja no financiamento de projetos finalísticos. Este processo tomou corpo por meio da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Sul-americana (IIRSA), mais tarde incorporada no âmbito da União das Nações Sul-americanas (UNASUL).Este trabalho considera esse tipo de integração regional como parte de processos de desenvolvimento que ocorrem nas escalas nacional, regional e global. Nesse sentido, procura analisar, em termos comparativos, as relações entre os bancos os governos dePeru, Brasil e Bolívia com suas respectivas estratégias de desenvolvimento.O Eixo Peru-Brasil-Bolívia da IIRSA é priorizado na análise com o objetivo caracterizar as diferentes relações entre os governos e os bancos que operam como agentes impulsionadores da integração regional. Estas relações representam configurações institucionais e de poder de caráter tanto geopolítico quando geoeconômico. Elas demostram como as tendências e dinâmicas de escopo regional se ligam a processos globais. As participações do setor privado e a da sociedade civil nesses processos são abordadas a partir das interações entre governos e bancos.Em cada país a pesquisa identifica a ocorrência de ciclos de expansão e retração econômica que também correspondem a ciclos político-ideológicos. Destaca, no contexto da última década, a vigência de um neo desenvolvimentismo que tem marcado a atuação de governos de centro-esquerda, em países como Brasil e Bolívia. Esta estratégia resgata alguns dos pressupostos do nacional-desenvolvimentismo que esteve em voga na região a partir dos anos 1950. Também se apresenta como uma corrente ideológica alternativa ao neoliberalismo que se tornou hegemônico entre os governos a partir dos anos 1980 e que ainda permanece vigente no caso peruano. Os governos buscam novos posicionamentos na divisão internacional do trabalho. Porém, o fazem reforçando o perfil primário-exportador das economias nacionais ao impulsionar asindústrias extrativas como alavanca do desenvolvimento, sendo a integração da infraestrutura regional instrumental para isso.A análise comparada do modo de inserção dos três países no processo de integração da infraestrutura, a partir das interações entre governos e bancos de desenvolvimento, demonstra a existência de convergências e divergências entre a integração que se busca na escala nacional e aquela que se pretende na escala regional.A abordagem do sistema-mundo capitalista é o principal referencial teórico para o trabalho de investigação. Ela permite situar os processos de desenvolvimento e integração contemporâneos no interior de ciclos de longa, média e curta duração. Além disso, favorece a análise do modo de inserção da América do Sul na hierarquia do capitalismo global e numa conjuntura de crise sistêmica e de transição para novas arquiteturas de poder a nível mundial. Nesse sentido, explora as tendências de mudança ou de continuidade na forma de participação de Peru, Brasil e Bolívia no sistema mundo capitalista nas primeiras décadas do Século XXI. |
Orientador: |
Flávia Lessa de Barros |
Palavras-chave: |
Infraestrutura (Economia); Integração econômica internacional; Bancos de desenvolvimento; Capitalismo - América Latina |