Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Relações Internacionais |
Autor: |
Patrícia Mara Cabral de Vasconcellos |
Titulação: |
Doutor |
Ano de defesa: |
2015 |
Link: |
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Resumo: |
Esta tese analisa a atuação e a expansão das empresas de engenharia brasileiras na América do Sul, em especial, após 2002 e seu vínculo com a política externa brasileira. Neste sentido, o processo de internacionalização das empresas não se caracteriza somente por objetivos empresariais, na medida em que estas empresas podem ser intermediárias dos interesses nacionais e dos objetivos do governo. No Brasil, do início da internacionalização das empresas brasileiras à atualidade, as transnacionais despiram-se do caráter oligárquico e pejorativo (ao menos teoricamente) e passaram a compor uma aliança com o Estado para promover o desenvolvimento nacional e regional. O novo paradigma da Política Externa Brasileira, neodesenvolvimentista, conjuga-se a esta visão e revela as diretrizes da aliança Estado-Mercado para projetar o país no sistema internacional. Dessa forma, durante o governo Lula, o apoio ao processo de internacionalização foi enfatizado. Contudo, a relação de interesses entre o Estado e as construtoras brasileiras não é uma estratégia declarada. Assim, não há uma estratégia oficial, mas há elementos suficientemente claros, como os instrumentos de apoio financeiro e diplomáticos, para que se possa perceber a eleição do setor como estratégico (construção pesada) às proposições da política externa brasileira na região sul-americana. O setor de engenharia e construção incorporada ao projeto de integração regional é uma forma de estreitamento das relações bilaterais que viabilizam interesses brasileiros na região, tais como liderança no processo de integração regional, fortalecimento do capital político e expansão econômica. A metodologia da análise é baseada em pesquisa qualitativa e bibliográfica, em entrevistas e em pesquisa nos arquivos do Itamaraty. De modo geral, nota-se que o Estado brasileiro possui barreiras internas que prejudicam a eficácia dos mecanismos de apoio à internacionalização das empresas brasileiras e, consequentemente, dificultam a estratégia Empresa-Estado como a burocracia inoperante e a falta de transparência na relação público-privada. No âmbito externo, a internacionalização das construtoras apresenta aspectos positivos e negativos. É vertente de aproximação e de afastamento nas relações bilaterais. Da visão do processo, sobressai-se na América do Sul, a projeção de uma imagem negativa do Brasil caracterizada como país imperialista, expansionista e com um projeto de desenvolvimento que fere normas ambientais e desrespeita populações tradicionais. A credibilidade do Brasil e de suas empresas é afetada. Há falácias e desvios que devem ser corrigidos. De toda forma, nota-se que as construtoras brasileiras representam uma maneira de exercer a força econômica e os interesses do Estado Brasileiro na América do Sul. |
Orientador: |
Alcides Costa Vaz |
Palavras-chave: |
Política Externa; Engenharia; Brasil; América do Sul |