Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Estudos Comparados sobre as Américas (Ceppac) |
Autor: |
Paul Elliot Little |
Titulação: |
Doutorado |
Ano de defesa: |
1996 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
Através dos séculos, migrações para a Amazônia por distintos grupos sociais, levaram à abertura e reabertura de fronteras regionais. Cada grupo social porta consigo cosmografias específicas, isto é, ideologias e sistemas de conhecimento coletivos e historicamente contingentes utilizados no estabelecimento e manutenção de territórios humanos. Tais cosmografias se superpõem - no tempo, espaço e poder - a outras já existentes, o que gera diversos tipos de disputas territoriais. Uma análise etnográfica e comparativa das fronteiras regionais amazônicas do Aguarico (Equador) e do Jari (Brasil) descreve o processo das fronteiras históricas que transformaram cosmografias nativas em cosmografias autóctones. Em seguidas, o estudo analisa como, a partir dos anos cinquenta, a instalação de grande projetos e a colonização maciça guiadas por cosmografias desenvolvimentalistas abriram mais uma vez fronteiras nessas micro-regiões e como, a partir dos anos setenta, outros atores sociais portanto cosmografias ambientalistas aí instalaram unidades de conservação. Um conjunto complexo e contraditório de alianças políticas e conflitos sociais foi criado pelos diversos atores sociais na tentativa de consolidar suas reinvindicações territoriais. A relação contraditória do Estado com os grupos sociais amazônicos faz com que as polítcas de uso dos recursos naturais, os procedimentos de intitulação de terras, e até as representações cartográficas se tornem cenários de disputas políticas. Além disso, os territórios estabelecidos por cada grupo social são partes fractais de territórios ainda maiores, porém fragmentados, e se baseiam em elos com entidades regionais, nacionais, e/ou trasnacionais. Na promoção de reinvindicações territoriais, cada grupo social utiliza, com diferentes graus de eficácia, as conexões de poder que mantém com atores sociais localizados em outros níveis de escala social. Experiência na co-gestão de território oferece, tentativas promissoras para a solução de muitos disputas existentes. Entretanto, a emergência da biodiversidade como uma questão mundial parece indicar que novas cosmogradias estão chegando à Amazônia onde serão superpostas a cosmografias existentes, gerando assim novas fronteiras e complexificando ainda mais a dinâmica territorial dessas duas micro-regiões. |
Orientador: |
Gustavo Lins Ribeiro |
Palavras-chave: |
Disputas territoriais; Fronteira; Amazônia |