Instituição de ensino: |
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) |
Programa: |
Ciências Sociais |
Autor: |
Hugo Carlos Arend Neto |
Titulação: |
Doutor |
Ano de defesa: |
2015 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
Partindo de leituras e interpretações de Michel Foucault e fazendo uso de algumas categorias desenvolvidas pelo pensador francês, o trabalho pretende analisar as condições de possibilidade do velamento do terrorismo como problema nas Relações Internacionais (RI), entre 1910 e 2001. Parte-se da constatação empírica que o terrorismo não foi problematizado nas principais obras de RI no período. Apenas após os ataques de Onze de Setembro o terrorismo passou a ser séria e detidamente incorporado às analises de internacionalistas. Argumentamos que o velamento do terrorismo nas RI se deveu, em parte, à necessidade política de vincular a segurança internacional (SI) à tragédia de modo a legitimar e sustentar relações de dominação entre estados e populações. Sustentamos que discursos de tragédia são constitutivos da SI nas RI na medida em que apenas a tragédia é capaz de legitimar ações estatais de exceção. O argumento é apresentado dividindo-se a história das RI em dois grandes dispositivos de segurança: o dispositivo Guerra Total (1910 e 1945) e o dispositivo Guerra Fria (1945 e 2001). Cada um constitui e foi constituído por uma rede de discursos, práticas e instituições que sustentaram perspectivas particulares da ação política racional, apresentando a guerra, primeiro, entre 1910 e 1945, como loucura e, entre 1945 e 2001, como perigo de extinção. Cada um desses dois operadores da SI (a loucura e a extinção) foi articulado a partir de regimes de verdade particulares que determinaram o que podia e não podia ser dito no âmbito da segurança nas RI. A tragédia foi operada em ambos os dispositivos e funcionou como condição de possibilidade da imaginação de SI. Uma vez que a tragédia civilizacional e humana era o risco maior da segurança, o terrorismo não podia ser articulado em regimes de verdade que tomavam a tragédia como referência – a explosão de bares, restaurantes e até aeronaves são insuficientes à imaginação trágica da SI. Argumentamos, ainda, que os discursos de tragédia da SI nas RI colocaram em prática uma série de práticas, discursos e instituições que, em certa medida, proporcionaram o sucesso da operação do Onze de Setembro, sendo esses os efeitos daquelas verdades de segurança. O objetivo da pesquisa é problematizar os efeitos da política de verdade em uma disciplina acadêmica e como o pensamento acadêmico pode servir e ser operacionalizado dentro de dispositivos de segurança de modo a sustentar e legitimar relações de poder. |
Orientador: |
MARIA IZABEL MALLMANN |
Palavras-chave: |
terrorismo; Relações Internacionais; Onze de Setembro; segurança internacional; Guerra Total; Guerra Fria; relações de poder |