Instituição de ensino:

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Programa:

Saúde Pública

Autor:

Amélia Maria Leal Righetti

Titulação:

Doutorado

Ano de defesa:

2004

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Resumo:

 O estudo aprofunda a concepção social da pobreza urbana nos anos 80/90, na emergência da globalização. Esta aliou o desenvolvimento da tecnologia aos recursos de mídia no surgimento de empresas transnacionalizadas, estimulou a flexibilização do mercado, reduzindo o número de empregos formais e a ampliação da informalidade, associada ao aumento da concentração de renda, e fez nasceruma nova concepção para a exclusão social. Em contrapartida, a sociedade contemporânea desenvolveu novas tendências de relacionar socialmente, amparadas no consumo de objetos e de outros signos evidentes de sucesso. Buscou, a partir de princípios imediatistas e individualistas, ultrapassar uma trajetória de desigualdade social. As relações sociais se fundamentaram em contradições que forjaram as multiplas formas de anomia: violência, destrutividade, depressão, drogadicção e outras manisfestações de alienação social. A hipótese principal deste trabalho é que a religiosidade desconstrói o rótulo de criminalidade atribuído ao pobre urbano, morador da favela e periferia, auxiliando-o a resgatar os antigos ideiais capitalistas, nosentido weberiano do trabalho, enquanto possibilidade de reconhecimento social e instrumento de renovação de fé e salvação. Ocupa função social particular, permitindo ao indíviduose se inserir em redes de apoio, traduzindo. através da busca ao sagrado, seu desejo em participar de um mundo menos desigual, com sofrimento reduzido. São considerados os trabalhos de diversos autores que descrevem a pobreza urbana desde a "virada do século" - retratando os pobres, entãomoradores dos cortiços da cidade do Rio de Janeiro, formadores da mão de obra livre: imigrantes e escravos. O período é marcado pela transição para o capitalismo industrial e pela emergência de sociedades disciplinadas, que procuravam adequar as relaçõesao espírito produtivo, justificando-se uma série de medidas contra a pobreza. Os pobres passaram a ser percebidos enquanto vadios, se contrapondo aos trabalhadores da época. São considerados os pobres das "décadas de 50 e 60" - moradores das favelas - revelando-se, através dapobreza, a construçao do modelo urbanístico das grandes cidades, que comportava a população de baixa renda marginal, subempregada e excluída socialmente do sistema capitalista. E ainda os pobres das "décadas de 70 e 80" - moradores das favelas e perriferias, trabalhadores do setor informal da economia - que diantedas políticas de desmantelamento das práticas sociais, da pulverização das organizações criminais, das ações repressivas de controle social passam a receber o rótulo social de criminosos. Em contrapartida, assisti-se ao avanço das religiões pentecostais, apoiada numa ética de prosperidade e do crescimento material, colaborando para desconstruir o rótulo de criminalidade imposto ao pobre urbano.

Orientador:

Teresa Cristina Othemio C. Carreteiro

Palavras-chave:

Conflito Urbano; Globalização; Religiosidade