Instituição de ensino:

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Programa:

Ciências Sociais

Autor:

Maria de Fatima Ferreira Portilho

Titulação:

Doutorado

Ano de defesa:

2003

Link:

 

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/zeus/auth.php?back=http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000302098&go=x&code=x&unit=x

Resumo:

 A recente percepção do impacto ambiental dos atuais padrões de consumo e a centralidade deste discurso dentro do mainstream do ambientalismo ocidental podem ser explicadas através de dois "deslocamentos" discursivos: (1) do aumento populacional (principalmente no Sul) para o modelo de produção das sociedades afluentes (especialmente no Norte) e, posteriormente, (2) da preocupação com os problemas ambientais relacionados à produção para uma preocupação com os problemas ambientais relacionados ao consumo. Este tema vem se tornando central para as políticas ambientais contemporâneas e uma das principais vertentes na busca da sustentabilidade. A relação entre consumo e meio ambiente foi definida, inicialmente, nos limites da noção de "consumo verde" e um pouco mais tarde concentrou-se no chamado "consumo sustentável". Vamos analisar as promessas e armadilhas das propostas de consumo verde e, posteriormente, refletir sobre os limites e as possibilidades das estratégias políticas de consumo sustentável para a transformação dos atuais padrões de consumo. Apresentando-se como uma defesa da esfera do consumo enquanto um objeto de estudos das Ciências Sociais e, particularmente, das Ciências Sociais do Ambiente, o presente trabalho pretende discutir as conseqüências políticas da estratégia de consumo sustentável, enfatizando a análise da seguinte questão: que possibilidades potenciais de expansão ou redução das tendências de participação na esfera pública surgem com o deslocamento das políticas ambientais para o campo do consumo? O deslocamento da definição da questão ambiental para o campo do consumo pode ser visto como um fortalecimento dos mecanismos de desintegração social e política que reduz os vínculos de solidariedade e participação na esfera pública e favorece a apropriação privada dos bens naturais. Este mesmo deslocamento pode ser visto, também, como um potencial politizador e emancipatório que fortalece a participação individual nos dilemas e decisões políticas coletivas, trazendo a questão ambiental para a agenda cotidiana. Ao contrário de reafirmar a alienação, a manipulação e a heteronomia dos consumidores ou, apressadamente, enfatizar seu poder e sua liberdade de escolha, optamos por enfatizar uma vertente do diálogo da teoria social contemporânea que concebe a possibilidade de novas formas de ação política a partir da articulação das esferas pública e privada. Desta forma, o debate sobre meio ambiente e consumo pode se dar numa arena ao mesmo tempo pública e privada, envolvendo questões de ambas as esferas. Através desse debate, a questão ambiental finalmente pode ser colocada num lugar em que as preocupações privadas e as questões públicas se encontram, recuperando as pontes entre elas

Orientador:

Arlete Moysés Rodrigues

Palavras-chave:

Movimento ecologico; Ambientalismo; Desenvolvimento sustentavel; Politica ambiental; Cidadania; Sociedade do Consumo; Politicas publicas - Aspectos ambientais