Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Relações Internacionais |
Autor: |
Susan Elizabeth Martins Cesar |
Titulação: |
Doutorado |
Ano de defesa: |
2014 |
Link: |
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/15601/1/2014_SusanElizabethMartinsCesardeOliveira.pdf |
Resumo: |
Esta tese chama atenção para a importância da compreensão da globalização produtiva e comercial para a formulação e análise de políticas comerciais contemporâneas. Partindo do conceito de “cadeias globais de valor (CGVs)”, a tese advoca a existência de um “modelo cognitivo” ou “visão de mundo” construída em torno de um arcabouço teórico explicativo multidisciplinar sob o qual desenvolveu-se a representação dessa estrutura material globalizada, onde a fragmentação e dispersão geográfica da produção se tornam centrais. Destaca o aporte que esse modelo traz para justificar o liberalismo comercial e a eliminação de um conjunto “heterodoxo” de novas barreiras ao comércio, enfatizando os altos custos da proteção. Argumenta, no entanto, que o etos liberalizante embutido no conceito de CGVs limita-se ao “liberalismo de redes” em contraposição ao “liberalismo multilateral”. O trabalho discute as implicações desse modelo explicativo para a política comercial, analisando especificamente as estratégias de inserção no comércio internacional adotadas por Brasil e Canadá na última década. Para realizar a comparação entre os dois países, a tese propõe o conceito de “política comercial orientada pelo modelo das cadeias globais de valor”, composto por quatro variáveis que são aplicadas à experiência empírica brasileira e canadense: i) adoção de uma definição ampla de comércio internacional (“comércio integrado”); ii) facilitação de acesso ao mercado doméstico e busca por acesso privilegiado a mercados chaves; iii) reconhecimento de barreiras ao comércio heterodoxas e busca por sua eliminação; iv) promoção comercial voltada para a integração de pequenas e médias empresas em cadeias globais de valor. Como resultado da pesquisa, observa-se que o Canadá pode ser incluído dentre uma primeira geração de países que adotaram políticas comerciais explicitamente informadas pelo modelo cognitivo das CGVs. Por outro lado, no caso brasileiro, as políticas comerciais implementadas na última década demonstram uma posição ambivalente frente à globalização econômica, permitindo que o País se integre apenas superficialmente aos fluxos produtivos e comerciais internacionais. Argumenta-se que a limitação desta integração deva-se, em grande parte, às políticas comerciais não orientadas pelo modelo das CGVs, voltadas para a proteção e reserva de mercado doméstico e regional. A política comercial brasileira, construída no contexto de um projeto estratégico de desenvolvimento, tem sido moldada segundo uma visão de mundo na qual predomina a antiga clivagem Norte-Sul. Assim, policymakers têm observado com cautela a globalização produtiva, buscando antes blindar o País de seus impactos do que propriamente integrá-lo de forma competitiva à tendência de fragmentação e dispersão da produção. O trabalho enfatiza, por fim, a utilidade do modelo das CGVs para uma análise profunda sobre os desafios e possibilidades reais de posicionamento competitivo do Brasil na economia globalizada, tendo em conta as estratégias adotadas por países competidores, como o Canadá. Argumenta, em conclusão, que possíveis reorientações em direção ao modelo das CGVs sejam realizadas de forma crítica e embasadas em análises subseqüentes acerca de níveis ideais de liberalização que levem em consideração as oportunidades de upgrading produtivo e tecnológico proporcionadas pela participação em cadeias globais de valor. |
Orientador: |
Eiiti Sato |
Palavras-chave: |
Brasil; Canadá; Cadeias Globais de Valor; Comércio internacional; Política Comercial |