Instituição de ensino: |
Universidade de São Paulo (USP) |
Programa: |
Sociologia |
Autor: |
Leovegildo Pereira Leal |
Titulação: |
Doutorado |
Ano de defesa: |
1998 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
A conclusão mais geral a que Chegamos neste trabalho é a que constata que a Revolução Cubana não conseguiu materializar - tanto nas estruturas políticas econômicas e sociais que ergueu, quanto nas concepções gerais de desenvolvimento histórico que informaram a linha programática e as estratégias que desenvolveu - as indicações dos fatores constitutivos do socialismo revolucionário formuladas por Marx. Cuba, em momento algum da trajetória da Revolução, teve um estado proletário como eixo central do poder político. A pequena propriedade rural jamais foi considerada no programa e nos planos de longo prazo da Revolução Cubana como entrave ao avanço do socialismo em direção ao comunismo - pelo contrário sempre foi tida concretamente como peça essencial para este avanço. O objetivo da extinção da divisão do trabalho jamais foi assumida como parâmetro delineador de iniciativas econômicas, políticas e educacionais de superação da sociedade de Classes - esta, a função histórica do socialismo e mesmo a razão de ser do socialismo em Marx . Se foi no período de vigência do SDPE que tal distanciamento das indicações axias de Marx foi adotado enquanto sistema, nas demais etapas prevaleceu um espontaneísmo que jamais colocou a estruturação de um estado proletário, a aniquilação da pequena propriedade e a extinção da divisão do trabalho como fundações do socialismo cubano. Tal constatação, contudo, não tira da Revolução Cubana seu caráter geral socialista, tipificado este na estatização da grande propriedade capitalista em favor da melhoria das condições de vida das massas trabalhadoras. Mas inelutavelmente o coloca no mesmo campo histórico de um tipo de socialismo como o concretizado nos países do Leste da Europa, mesmo levando-se em conta as particularidades históricas, políticas e sociais de cada uma dessas formações e dos processos que resultaram na implantação do socialismo em cada um dos países. Hoje, não há margem para se duvidar de que o desabamento do euro-socialismo tenha sido decorrência de contradições fundamentalmente internas, funcionando ações e pressões externas como elementos catalisadores. O que aponta para a insustentabilidade de sociedades socialistas não estruturadas rigorosamente como transição histórica a uma sociedade sem classes, de sociedades socialistas que não façam do revolucionamento cotidiano das relações sociais seu princípio, meio e fim. De sociedades socialistas, enfim, não erguidas a partir dos princípios e objetivos formulados por Marx. É nesta linha que pode ser discutida a sustentabilidade da Revolução Cubana e a possibilidade de sua sobrevivência. |
Orientador: |
Emir Sader |
Palavras-chave: |
Marxismo; Revolução Cubana |