Instituição de ensino:

Instituto Rio Branco (IRBr)

Programa:

Diplomacia

Autor:

Beatriz Augusta de Souza Vasconcelos Goes

Titulação:

Mestrado IRBr

Ano de defesa:

2006

Link:

 Não disponível

Resumo:

 Desde 1850, o Brasil é o maior produtor de café do mundo. O mercado cafeeiro, assim como outros mercados de commodities, enfrenta grandes oscilações de preços. Essa característica do mercado, aliada a grande dependência que a economia brasileira tinha em relação ao café, fez com que o governo brasileiro passasse a querer organizar o mercado através de recorrentes intervenções. No final do século XIX e início do século XX, o governo brasileiro limitou-se a proibir novas plantações de café. Porém, a partir da assinatura do Convênio de Taubaté, as intervenções passaram a ser feitas diretamente sobre a oferta, ou seja, ou comprando e estocando ou comprando e destruindo parte das safras brasileiras. A Crise de 1929 foi um marco para o setor cafeeiro brasileiro. Além de causar a queda dos cafeicultores do poder político, fez com que a concorrência internacional aumentasse exponencialmente devido ao incentivo recebido pelas colônias européias a produzir café, como forma de ajudar suas metrópoles a honrar seus compromissos internacionais. Quando Getúlio Vargas assumiu o poder, instituiu a destruição do excesso de oferta de café. Com isso, os norte-americanos substituíram o café brasileiro pelo colombiano, principalmente. Nesse contexto, os dirigentes brasileiros perceberam que não mais conseguiriam sustentar os preços unilateralmente e convocaram uma conferência com os países produtores. Essa foi a gênese do regime internacional do café. O auge do regime ocorreu em 1962, ano em que foi assinado o primeiro Acordo Internacional do Café, envolvendo países produtores e consumidores. Esse acordo estabeleceu não apenas mecanismos de cooperação técnica, mas também cotas de exportação de café. Além disso, através desse tratado foi criada a Organização Internacional do Café. O Acordo Internacional do Café foi renovado algumas vezes mas, em 1989, os países signatários não conseguiram se entender e as cláusulas econômicas que estabeleciam as cotas ruíram. Com a passagem para um sistema de livre mercado, o setor cafeeiro entrou em crise e os preços caíram bruscamente. Na tentativa de conter a crise, foi criada, em 1993, por iniciativa brasileira a Associação dos Países Produtores de Café, cuja medida mais significativa foi a determinação de retenção de parte da safra dos países-membros em 2000. Essa medida não conseguiu amenizar a crise porque praticamente só o Brasil reteve sua produção e, nesse período, os países asiáticos já haviam se transformado em fortes concorrentes e estavam fora do regime. Assim, a crise atingiu em 2001 seu ponto mais crítico. No ano seguinte, o Brasil adotou novas políticas de sustentação de preços no mercado internacional que fizeram com que os preços voltassem a patamares satisfatórios. A partir de então, os países produtores vêm se recuperando da crise e alguns especialistas acreditam, inclusive, que ela já passou por completo. Depois de perder espaço no mercado internacional, o Brasil parece ter aprendido a lição e hoje é completamente contrário a volta de acordos que restrinjam a oferta. Sua demanda atual é com os países consumidores que taxam a entrada de cafés torrado e moído e solúvel em seus mercados.

Orientador:

Eiiti Sato

Palavras-chave:

Café; Exportação; Brasil; Acordo internacional