Instituição de ensino:

Instituto Rio Branco (IRBr)

Programa:

Diplomacia

Autor:

Felipe Honorato da Cunha

Titulação:

Mestrado IRBr

Ano de defesa:

2011

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Resumo:

 Esta dissertação foi redigida segundo o objetivo de avaliar a conjuntura política que envolveu a designação de Raymundo Souza Dantas para a embaixada do Brasil em Gana. Os principais desdobramentos e impressões que colheu no período em que esteve lotado no posto foram analisados, no trabalho que procurei realizar, retomando-se também as opções feitas por Jânio Quadros, Afonso Arinos de Melo Franco e pelo próprio Itamaraty no lançamento da Política Externa Independente (PEI). Por que Raymundo de Souza Dantas, jornalista negro e redator do “Diário Carioca”, e posteriormente, oficial de gabinete da Presidência da República, foi indicado para o cargo? Jânio teria tido a intenção de nomear alguém de sua confiança para desempenhar uma missão que considerava importante naquele país que era o epicentro do movimento independentista africano – ou seu principal objetivo seria impor seu estilo de condução direta de assuntos de Estado ao Itamaraty, escolhendo para chefiar a embaixada alguém sem nenhuma experiência diplomática? Após a renúncia de Quadros, como se deu, na prática do posto inaugurado em Acra, a implementação dos propósitos enunciados pelos formuladores da PEI? Busquei responder a estas e outras questões, itens pontuais e de caráter um pouco mais amplo sobre o ambiente político em que a aproximação com a África foi pensada, procurando destacar, nos três capítulos que se seguem, os eventos relacionados: (i) à fulminante ascensão política de Quadros – da prefeitura de São Paulo ao topo do Executivo federal; (ii) o ambiente político e condicionantes externos que influenciaram a elaboração da PEI; e (iii) a realidade que opôs a construção discursiva que sintetizava a aspiração do Brasil de reposicionar-se na nova ordem política e econômica mundial e as inúmeras dificuldades observadas na tentativa de traduzir o discurso em ações concretas que teve lugar em Gana. Não é objetivo primeiro deste trabalho indicar, de modo generalizante, de que maneira a concretização ou o desejo da transformação técnica segue a fortalecer o sentimento nacional, atribuindo-lhe maior tenacidade inclusive naquilo que se refere à instância da diplomacia em outras partes do mundo, no entanto, esta pode ser uma conseqüência natural de algumas passagens em que se buscou trabalhar conceitualmente modernização, consolidação democrática e política externa. Além de inter-relacionados, os processos mencionados parecem introduzir conseqüências relevantes ainda hoje em vista do cenário atual de afirmação das grandes nações emergentes e renascimento econômico africano. Mais do que julgar os resultados e objetivos da missão, adotei como proposta recuperar e compilar os principais documentos relacionados a esse importante episódio da diplomacia brasileira que foi a abertura da embaixada em Gana, eventualmente procurando lançar alguma luz sobre a história do primeiro embaixador negro do Brasil.

Orientador:

Antonio Carlos Moraes Lessa

Palavras-chave:

Política externa brasileira; África; Diplomacia; Gana; Raymundo de Souza Dantas