Instituição de ensino:

Instituto Rio Branco (IRBr)

Programa:

Diplomacia

Autor:

Renato Silva Salim

Titulação:

Mestrado IRBr

Ano de defesa:

2011

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Resumo:

 A Rússia é um dos grandes sobreviventes da história. Sob diversas estruturas politicamente organizadas, o país tem existido por mais de mil anos e, por considerável parte desse tempo, exerceu um papel especialmente relevante nos grandes tópicos da política internacional. Hoje, constitui uma das mais formidáveis potências da Eurásia, quiçá do mundo, e dessa forma deverá permanecer. É importante insistir nesses fatos, desde que, em anos recentes, tem havido certa tendência entre os formuladores ocidentais de política externa em presumir que a Rússia não mais precisa ser levada a sério. Há vinte anos, a Rússia, então sob a forma da União Soviética, era o brinde dos líderes ocidentais, o parceiro que estava na iminência de adotar a democracia, a economia de mercado e a integrar uma grande aliança para construir a harmonia e a paz mundiais. Atualmente, desde que essas expectativas não foram, em sua plenitude, preenchidas e que o Ocidente tem constatado supostos ranços imperialistas na política externa do Kremlin, tende-se a julgar que o país tem buscado caminho independente, à margem do sistema internacional. Ambas as atitudes, a de hoje e a de vinte anos atrás constituem equívocos que se baseiam no desconhecimento sobre a natureza da Rússia – uma lacuna que o presente trabalho pretende preencher. A Rússia irá continuar a desempenhar um importante papel no delineamento das relações internacionais do século XXI e, de maneira alguma, um papel negativo, caso a comunidade internacional saiba lidar com esse gigante, à luz de sua história e identidade. Para tanto, buscaremos analisar neste trabalho o traço que, por sua prolongada persistência na milenar cultura eslavo-russa, pode ser considerado como elemento fundamental que contribuiu e que continua a concorrer para modelar a política externa do Estado russo. Esse traço foi traduzido, na presente dissertação, no conceito de messianismo. O conceito de messianismo traria em si a convicção de o povo constituir uma nação excepcional, cujo distinto acervo cultural, moral e espiritual torna-la-ia superior aos demais Estados. O messianismo, porém, também traria à nação russa o fardo de empreender uma grandioza missão civilizacional no mundo. Nesse sentido, torna-se essencial que não nos limitemos à análise de períodos restritos da história da Rússia e tampouco ao exame de apenas algumas causas e finalidades imediatas dos rumos que ela tomou. O mencionado conceito encontra suas raízes nas origens do Estado russo, ganhando força e disseminando-se por diversos âmbitos da sociedade no decorrer dos séculos. Igualmente, cremos ser de suma importância para o objetivo que aqui nos propomos dar especial atenção ao cânone literário russo, desde que ele, mais do que o de qualquer outro país, penetrou na consciência coletiva do povo, provindo-o de modelos e lições sobre si e ajudando-o a criar um senso de identidade nacional.

Orientador:

José Flávio Sombra Saraiva

Palavras-chave:

Rússia - história; Política externa; Messianismo - conceito