Instituição de ensino: |
Instituto Rio Branco (IRBr) |
Programa: |
Diplomacia |
Autor: |
Luis Alberto Fernández y Sagarra |
Titulação: |
Mestrado IRBr |
Ano de defesa: |
2005 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
Após a Segunda Guerra Mundial, linhas descontínuas e frequentemente contraditórias de política externa haviam levado a Argentina à condição de profundo isolamento no contexto internacional. O ápice dessa tendência foi certamente o último período militar (1976-1983), quando a Argentina lançou-se à guerra contra o Reino Unido, quase partiu ao confronto bélico com o Chile e foi o cenário da série crise de direitos humanos decorrente da repressão oficial aos opositores ao regime. Quando Carlos Menem chegou à Presidência da Nação, em meados de 1989, encontrou a economia em caos e o país distante de todos os principais centros de poder mundial. Nesse contexto, o projeto da nova administração era realizar reforma estrutural na economia do país e convertê-la no eixo em torno do qual se deveriam articular as demais políticas públicas, inclusive a política externa. Com relação a esta última, encontram-se o pensamento de Carlos Escudé e sua teoria sobre o realismo periférico, como base teórica da nova estratégia. Em linhas muito gerais e por um ângulo bastante prático, escudé defende que Estados vulneráveis, dependentes e estrategicamente irrelevantes para os Estados centrais não devem assumir posições que contrariem estes Estados em questões sensíveis, ainda que dessa postura não decorram efeitos negativos imediatos. Por outro lado, a confrontação pode e deve ocorrer se estiverem em jogo questões ligadas ao interesse nacional do Estado periférico. A partir dessa metodologia e de outros conceitos teóricos de Escudé, a administração Menem estabeleceu, como estratégia de reinserção no mundo, o alinhamento aos Estados Unidos em temas estrategicamente relevantes para o governo norte-americano. Para tal, houve forte inflexão na agenda argentina tanto bilateral como multilateral, a fim de não se deixarem dúvidas da vontade firme de aprofundar a relação preferencial. Destacam-se, nesse sentido, as medidas tomadas na área de segurança (participação na Guerra do Golfo e em operações de paz das Nações Unidas, além da adesão a acordos internacionais em matéria de segurança coletiva, política nuclear, não-proliferação e tecnologias sensíveis), a decisão de deixar o Movimento de Países Não-Alinhados e a mudança no padrão de votos nas Nações Unidas. No que toca especificamente às relações bilaterais entre Argentina e Brasil, a estratégia empregada pela administração menemista também teve consequências. O alinhamento argentino aos Estados Unidos em questões políticas correspondeu a distanciamento do Brasil nessa mesma área. Por outro lado, o fato de as relações com o vizinho ao norte se terem mostrado pouco profícuas do ponto de vista econômico gerou a oportunidade para a aproximação argentino-brasileira no campo econbômico. O resultado final para a política externa argentina foi, portanto, alinhamento político com os Estados Unidos e alinhamento econômico com o Brasil. |
Orientador: |
Alexandre Guido Lopes Parola |
Palavras-chave: |
Argentina; Política externa; Realismo periférico |