Instituição de ensino: |
Instituto Rio Branco (IRBr) |
Programa: |
Diplomacia |
Autor: |
Evandro de Barros Araújo |
Titulação: |
Mestrado IRBr |
Ano de defesa: |
2005 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
Este trabalho examina linhas de argumentação de dois livros fundamentais sobre a formação social e cultural do País e das demais nações ibero-americanas: A América Latina: males de origem, do pedagogo e médico Manoel Bomfim, publicado em 1905, e Raízes do Brasil, que o historiador Sérgio Buarque de Holanda lançou em 1936. O capítulo 2 desta dissertação busca apreender que papéis o autor de A América Latina atribuiu às camadas populares e às camadas dirigentes na conformação do atraso social e econômico que a região então apresentava. Uma das hipóteses é que a compreensão radicalmente inovadora de Bomfim sobre as relações entre elite e povo – oposta ao racismo científico importado da Europa que condenava ao atraso a América Latina – é útil para se compreender a desafiadora situação social do País hoje, cujas mazelas sociais servem de teste para o poder explicativo das teses de Bomfim. É levantada a hipótese de que o ostracismo a que a obra inovadora de Bomfim ficou relegada deve-se sobretudo ao incômodo que causou no mainstream acadêmico e político, ao deslocar o foco da explicação do atraso das sociedades latino-americanas, do povo para as elites herdeiras do parasitismo ibérico. Para tanto, foi importante o recurso a comentadores do autor sergipano, especialmente Darcy Ribeiro e Flora Süssekind. Foram usados, ainda, dados empíricos e reflexões de autores contemporâneos para se situar hoje as questões que o autor sergipanos abordou há cem anos. Em relação à obra inaugural de Sérgio Buarque, o capítulo 3 desta dissertação aborda as características culturais e sociais mais marcantes das empresas coloniais de portugueses e espanhóis na América – conforme descritas em Raízes do Brasil -, aspectos enraizados nas identidades nacionais ibero-americanas. Nossa hipótese é de que a abordagem de Sérgio Buarque do personalismo e da propensão paradoxal dos ibero-americanos à anarquia e ao poder supercentralizado é útil para se entender fenômenos políticos e culturais contemporâneas dessas sociedades –fenômenos que servem de teste para a capacidade explicativa da argumentação de Sérgio Buarque. É igualmente testada . com breves estudos de caso, a validade de alguns dos pares de opostos usados por Buarque para marcar diferenças entre a colonização do Brasil e a dos vizinhos hispanofalantes, tais como ocupação do litoral ? semeador, referente às estratégias distintas de Espanha e Portugal para a construção de cidades na América, é confrontada com as idéias do urbanista efetivamente, seguiu um plano. Adicionalmente, problemas enfrentados hoje por algumas cidades planejadas brasileiras são relacionados ao que foi identificado como excessos do racionalismo planificador. Em todo o capítulo 3, são utilizados textos que dialogam com Sérgio Buarque , em especial de Maria Odila Leite da Silva Dias e Antonio Candido. A Conclusão (capítulo 4) busca sintetizar a importância das obras inaugurais de Bomfim e Buarque como explicadores das nações ibero-americanas. Como fio condutor, foram utilizadas as catorze definições de “clássico” do escritor Italo Calvino. |
Orientador: |
Everton Vieira Vargas |
Palavras-chave: |
Elites; Condição ibero-americana; Sergio Buarque de Holanda; Manoel Bonfim |