Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
Programa: |
Relações Internacionais |
Autor: |
Júlia Faria Camargo |
Titulação: |
Mestrado |
Ano de defesa: |
2008 |
Link: |
http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3671 |
Resumo: |
Essa dissertação se propõe a analisar a cobertura da imprensa brasileira – Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo – no contexto inicial da invasão do Iraque, em 2003. Busca-se entender como e por que o discurso da mídia internacional influenciou nas produções da imprensa nacional no contexto do conflito. Na história da cobertura de guerras, a do Iraque tornou-se peculiar pelo fato de diversos meios de comunicação ao redor do mundo enviarem seus correspondentes para o front. Como um caleidoscópio, a invasão construiu diversas imagens para os telespectadores e leitores da sociedade internacional. Não obstante tenham enviado correspondentes ao Iraque, os três jornais brasileiros publicaram mais da metade de seu conteúdo com base nas agências internacionais de notícia e nos artigos de jornais estrangeiros. A análise de discurso - qualitativa e quantitativa - das matérias consideradas para essa pesquisa demonstra, entre outras coisas: que mesmo assumindo uma posição contrária à guerra, os jornais apresentaram aos seus leitores discursos construídos em tons “oficialescos” e belicosos, tal qual apresentado pela mídia norte-americana, e em parte, pela inglesa; a ausência de um enfoque nacional sobre o conflito e a não reprodução das tomadas de decisão da política externa brasileira; a homogeneização dos assuntos internacionais publicados pelos três periódicos e, por fim, a análise mostra uma significativa variação entre os jornais na forma de cobrir a crise no Iraque. As explicações “macro” baseadas na dependência da mídia internacional pelos países que se situam à margem da comunicação internacional; no desigual fluxo de notícias entre os países; e na produção jornalística em períodos de guerra não conseguem explicar sozinhas a cobertura da imprensa brasileira sobre o Iraque. Defende-se que é preciso considerar fatores “micro” como a política editorial dos jornais e o público leitor desses periódicos nas explicações da comunicação internacional. De acordo com a perspectiva construtivista das Relações Internacionais argumenta-se que os discursos transmitidos pela mídia legitimam e constroem a realidade social. Por isso, considerar a mídia como um ator das relações internacionais implica sua responsabilização perante a configuração do cenário internacional. E quando o assunto é guerra, imputar essa responsabilidade é essencial devido ao fato de que manipulações e propagandas não formam somente um consenso ou uma convenção entre os membros da sociedade internacional, mas injustamente legitimam a morte de milhões de seres humanos. A pesquisa é estruturada em uma perspectiva interdisciplinar que envolve Relações Internacionais, Comunicação Internacional, Análise de Discurso e História. |
Orientador: |
Estevão Chaves de Rezende Martins |
Palavras-chave: |
Mídia internacional; Imprensa brasileira; Invasão do Iraque; Discurso |