Instituição de ensino:

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)

Programa:

História

Autor:

José Miguel Quedi Martins

Titulação:

Mestrado

Ano de defesa:

2003

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Resumo:

 Os elementos históricos e sociológicos que perpassam o relacionamento entre o Brasil e a China são condicionados pela atual fase de transformação da economia mundial. As sucessivas cri-ses que abalaram a economia mundial nos últimos anos (Ásia em 1997, Rússia em 1998, Brasil em 1999, Estados Unidos em 2001) são parte de um processo mais amplo de trans-formação da economia mundial o qual, segundo Wallerstein (2001), aponta para um novo modo de produção. O problema analisado nesta dissertação pode ser delimitado pela relação aparentemente paradoxal entre o processo de acumulação de capital e a superação do pró-prio capitalismo. Como já destacaram autores como Bukharin (1969), e Arrighi (1996), os limites históricos do capitalismo podem estar ligados ao seu próprio virtuosismo e não, co-mo supunham os críticos tradicionais, a algum tipo de crise final ou fracasso histórico. A hi-pótese central da dissertação articula duas idéias. Que a atual transformação econômica mundial tende a configurar um novo modo de produção, um capitalismo de características estamentais. Que o curso desta mudança pode permitir à Brasil e China exerceram uma po-sição de liderança no sistema internacional. Para desenvolver tal argumento são realizados seis esforços complementares e sucessivos ao longo da dissertação.Em primeiro lugar, trata-se de analisar a ruptura simbólica a partir de uma reconstrução de sentido do problema da consciência no fazer histórico. Isto é feito no capítulo 1 sobre milena-rismo e práxis. Em segundo lugar, é preciso reconhecer as duas formas predominantes de a-cumulação de capital, por meio dos gastos militares e do "terceiro mercado". E, ainda, reto-mar a questão da consciência no fazer histórico identificando conceitualmente o lugar do su-jeito político, do sujeito econômico e das instâncias de decisão do real. Isto é feito no capítulo 2, intitulado ciclos sistêmicos e acumulação de capital. Em terceiro lugar, é necessário rever o papel do espírito de cruzada (milenarismo) e do estamento na formação social brasileira ao longo de sua história. Isto é feito no capítulo 3, onde se conclui que o desenvolvimento sus-tentado (acumulação de capital) e a revolução democrática só poderão realizar-se no âmbito da construção de um Estado multinacional na América do Sul. Em quarto lugar, trata-se jus-tamente de compreender como se deu no caso chinês a formação do estamento e de um estado multinacional. Para realizar este esforço, no capítulo 4 foi analisado o desafio da dupla unifi-cação chinesa, leste-oeste e política (Taiwan). Em quinto lugar, tratou-se de realizar um es-forço específico de enquadramento do problema geral da dissertação no momento histórico atual do sistema internacional. No capítulo 5 isto foi feito em relação à esfera econômica, quando então foi analisado o que chamamos de crise e reestruturação da economia mundial. Finalmente, no capítulo 6 aquele enquadramento foi realizado no âmbito político-militar. Para isto analisou-se a forma contemporânea da guerra sistêmica, a qual denominamos de a guerra da Ásia, um processo de alcance mundial que avança progressivamente desde a invasão sovi-ética do Afeganistão em 1979 até o ciclo mais recente de guerras na Ásia Central e Oriente Médio, ameaçando engolfar todo o continente. Em suma, este esforço buscou interpretar a trajetória do Brasil e da China, abordando conceitos relevantes, como milenarismo, ciclos sistêmicos do capitalismo e acumulação de capital, estamento, restruturação da economia mundial e guerra sistêmica. Aparentemente desconexos entre si, estes conceitos e os problemas históricos a que eles remetem evidenciam identidades e correlações que não podem ser desprezadas.

Orientador:

Earle Diniz Macarthy Moreira

Palavras-chave:

Brasil; China; Parceria estratégica