Instituição de ensino:

Universidade de São Paulo (USP)

Programa:

Ciência Política

Autor:

Marco Antonio de Lima Liberatti

Titulação:

Mestrado

Ano de defesa:

2000

Link:

 

http://cea.fflch.usp.br/sites/cea.fflch.usp.br/files/u6/Marco%20Antonio%20LIBERATTI.pdf

Resumo:

 A guerra civil angolana existe há mais de trinta anos e permanece em um impasse. Sua origem e sua evolução estão intimamente ligadas com o passado colonial de angola. além da necessidade de recorrer à violência contra a opressão colonial, os três principais movimentos de libertação que nas décadas de sessenta e início da década de setenta lutaram pela independência do país - MPLA, FNLA e UNITA, - também rivalizavam entre si na disputa interna pelo poder. Tais rivaldades eram um reflexo das clivagens sociais, étnicas e ideológicas produzidas em grande parte pelo regime colonial. Um outro fator determinante para a posterior evolução do conflito foi a intervençào externa. o conflito em Angola, principalmente a partir de 1975, tornou0se um caso clássico da Guerra Fria; cada movimento de libertaçào procurou apoios externos. A adesão da ex-URSS ao MPLA contrapunha-se ao apoio dos Estados unidos e em menor grau, da china, ao FNLA e, posteriormente, à UNITA. Um aspecto interessante é que no contexto desse conflito, além da presença dos dois atores principais do mundo bipolar, dois outros atores 'coadjuvantes" da Guerra Fria também tomaram parte no conflito: cuba e Africa do Sul, cada um com seus próprios interesses. Cuba, que estaria a buscar prestígio e representatividade como lider do Terceiro Mundo e África do sul, que buscava estabelecer um cordão sanitário em tornode sua fronteira para isolar-se das influêncasinspiradas pelos movimentos de natureza marxistas. Outros vizinhos da região, entre eles o antigo Zaire, tornaram, ainda mais complexa as interações entre interesses e atores diversos no âmbito regional. Após o declínio do FNLA na década de setenta e a declaração de independência em Luanda pelo MPLA, o conflito em Angola voltou a intensificar-se nos anos oitenta, com a presença de tropas cubanas e sul-africanas no conflito entre o regime do MPLA e a UNITA. Com o desaparecimento da Guerra Fria e do império soviético e a retirada das forças militares cubanas e sul-africanas, ganham importância os esforços par o início de um processo de paz. O Acordo de bicesse em março de 1991, foi um passo importante ao estabelecer um cronograma de desmobilização das forças do governo de da UNITA e fixar uma data para a realizaçào de eleições multipartidárias. Entretanto, tais esforços fracassaram. Nas eleições gerais em setembro de 1992, monitoradas pela ONU, Jonas Savimbi não aceitou o resultado das eleições vencidas pelo presidente José Eduardo dos Santos. Os conflitos voltaram com grande intensidade. O Protocolo de Lusaka, de 1994,, marcou um novo esforço da comunidade internacional em dar continuidade ao processo de paz. O acordo elaborado com o objetivo de restabelecer uma 'serie de condições necessárias para o desarmamento e a confiança mútua encontrou, porém, inúmeras dificuldades. Jonas Savimbi permanece como líder de uma insurgência que ainda é capaz de movimentar grandes quantias de dinheiro e armas com os recursos obtidos com os diamantes das áreas que têm sob seu domínio. Este trabalho examna todas as fases da guerra em angola, da formação do sentimento nacionalista e do conflito anti-colonial até os eventos mais recentes da guerra . Mostra que tanto as divisões originadas durante a fase colonial quanto a intervenção externa durante a Guerra Fria foram fundamentais no desenvolvimento do conflito. Mostra também como este transforma-se cada vez mais em um ciclo de destruição alimentado por uma economia clandestina, que movimenta milhões de dólares por ano e que se mantém em profundo contraste com as condições de miséria do povo angolano.

Orientador:

Braz José de Araújo

Palavras-chave:

Angola; Guerra civil; História