Instituição de ensino:

Universidade de São Paulo (USP)

Programa:

Relações Internacionais

Autor:

Trent Alan Boultinghouse

Titulação:

Mestre

Ano de defesa:

2016

Link:

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-10112016-105613/pt-br.php

Resumo:

Este artigo usa a teoria da narrativa estratégica para analisar o modo como o Brasil utilizou no exterior a ideia do Bolsa Família, o programa do país de transferência de renda condicional. Mais especificamente, estuda-se onde e como a mensagem do programa foi recebida, tanto na era Luiz Inácio Lula da Silva como na era Dilma Rousseff (2003-2014). Trabalhos acadêmicos anteriores não avaliam como o Bolsa Família se encaixa no amplo quadro estratégico da Política Externa Brasileira no Século XXI para aumentar a autonomia do Brasil nas relações internacionais, especialmente com países em desenvolvimento do Sul Global. Assim sendo, este artigo tem por objetivo preencher essa lacuna fazendo uma análise de texto da cobertura midiática sobre o programa em vinte e sete países com pelo menos um jornal que publica em inglês. Enquanto a política externa de Lula trabalhou para reacender antigas ambições brasileiras de relevância internacional, a administração de Dilma teve que lidar com o fim do período de ascensão, com um declínio no investimento estrangeiro, corrupção na administração pública, declínio econômico e um abandono das estratégias de inserção prévias, como um amplo e ativo escopo de ação internacional e um comprometimento em investir capital político no exterior. Apesar da continuidade do Bolsa Família em todo período dos mandatos de Lula e Dilma, os achados deste artigo sugerem uma mudança na percepção internacional entre os governos dos dois líderes, deixando robusta a ideia de que, para o Brasil, a figura que conduz a narrativa é importante. Para o Norte Global, a mídia americana, australiana, canadense e inglesa tenderam de um sentimento positivo para um negativo entre os mandatos de Lula e Dilma, enquanto que países em desenvolvimento como Nigéria, Zimbábue, Paquistão, Índia, e Gana reagiram de forma mais aberta no mesmo período. Os achados sugerem que a narrativa estratégica brasileira foi melhor recebida por parceiros no Sul Global, sugerindo também uma correlação entre a mudança para uma política externa de maior escopo de Lula para atrair aliados do Sul.

Orientador:

Pedro Feliú Ribeiro

Palavras-chave:

Bolsa Família; Narrativa estratégica; Política Externa Brasileira; Sul Global