Instituição de ensino: |
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) |
Programa: |
História Social |
Autor: |
Leonel Victor Soares Caraciki |
Titulação: |
Mestre |
Ano de defesa: |
2013 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
A presente dissertação tem como foco de análise a Resolução 3379 da Assembleia da Organização das Nações Unidas, também conhecida como "resolução antissionista". Tal resolução condenava o sionismo, movimento nacional judaico, como uma forma de racismo comparável ao arpatheid sul-africano e ao colonislismo português. No contexto dos anos 1970, quando o ativismo internacional contra o apartheid era bastante intenso e relatos de violência irrestrita de tropas portuguesas contra os nativos de suas colônias circulando pela imprensa, equacionar o nacionalismo judaico com tais movimentos era uma dura acusação política contra o Estado e Israel e seus aliados. A derrota americana no Vietnã, o redescurecimento da luta anticolonial do Terceiro Mundo e crises na economia mundial abalaram a confiança no arranjo internacional que vigorava desde o fuim da Segunda Guerra Mundial. Intervenções militares executadas pelos EUA sob o pretexto da luta anticomunista, uma crise de estagflação combinada com retornos financeiros decrescentes nas exportações dos países do Terceiro Mundo e a percepção de que a URSS e EUA haviam entrado em um consenso para manter um status quo que operava em detrimento do resto do mundo impulsionaram reações difusas por parte do "Sul global". O presente trabalho coloca em perspectiva algumas dessas iniciativas: a denúncia dos racismos como algo sintomático de uma ordem internacional desigual, o endosso de reformas econômicas que corriam em oposição da desrregulamentação econômica que se iniciava em países desenvolvidos e a luta política contra regimes considerados "reacionários", frequentemente aliados dos Estados Unidos. A especificidade deste revisionismo do status político-econômico é o fato dele se dar dentro dos próprios canais de representatividade criados mecanismos de sustentação de uma ordem internacional desigual: a Organização das Nações Unidas. Nesse sentido, a dissertação argumenta que o voto antissionista perpassa a explicação autocentrada no Conflito Àrabe-Israelense e é produto de uma divisão histórica entre o Norte e o Sul. O caso do Brasil, mencionado ao fim da dissertação, é tomado como um caso exemplar. Um regime militar inicialmente alinhado aos Esytados Unidos que gradativamente procurava se aproximar de países de Terceiro Mundo, se aproveitando das crescentes fissuras na política global, que acaba por adotar uma posição próxima da União Soviética dos regimes socialistas para demonstrar sua insatifação para com o status quo. |
Orientador: |
MONICA GRIN MONTEIRO DE BARROS |
Palavras-chave: |
Racismo; Política Internacional; Nações Unidas; Terceiro mundo; URSS; EUA; resolução atissionista; sionismo |