Instituição de ensino:

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Programa:

Relações Internacionais

Autor:

Leandro Wolpert dos Santos

Titulação:

Mestre

Ano de defesa:

2016

Link:

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Resumo:

Nos últimos anos, as políticas externas de Cardoso e Lula têm despertado grande interesse em parte da literatura sobre política externa brasileira. Inúmeros estudos e análises se propuseram, por meio de diferentes marcos teóricos e a partir das mais variadas metodologias, a comparar as políticas exteriores dos dois mandatários brasileiros, buscando identificar traços de continuidade (semelhanças) e de mudança (diferenças). De um lado, estão aqueles que julgam que Lula, apesar de ter empreendido importantes mudanças em alguns setores específicos da política externa brasileira, manteve as linhas mestras estabelecidas no governo de Fernando Henrique Cardoso. Do outro lado, estão os que consideram que as mudanças verificadas na política externa brasileira com a alternância destes governantes foram bastante substantivas, havendo mais diferenças do que semelhanças entre eles. É nesse debate que se insere o objeto de estudo da presente dissertação. Duas perguntas centrais guiam nossa pesquisa: i) quais foram as mudanças ocorridas na política externa brasileira em relação aos Estados Unidos com a alternância dos governos FHC e Lula no início do século XXI?; ii) que fatores condicionaram a ocorrência dessas mudanças? A partir das premissas e de modelos analíticos desenvolvidos na subdisciplina de Análise de Política Externa (APE), respondemos a essas perguntas com dois grandes argumentos. Primeiro, o de que as principais mudanças ocorridas na política externa brasileira em relação aos EUA com a alternância dos governos FHC e Lula foram de objetivos: enquanto a política externa de Cardoso apresentou como principal objetivo aproximar o Brasil dos Estados Unidos como forma de acomodar nosso país à ordem hegemônica estadunidense, Lula buscou, em primeiro lugar, afirmar o Brasil como uma potência emergente perante os EUA, capaz de contribuir para a construção de uma ordem multipolar, o que, na prática, significou o objetivo brasileiro de balanceamento brando da potência hegemônica na política regional e internacional. Segundo, o de que a combinação de fatores sistêmicos e domésticos contribuiu para a ocorrência dessas mudanças. Entre os fatores sistêmicos, destacamos: i) a reorientação da política externa estadunidense na virada do século XX para o XXI, sobretudo após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001; ii) a ocorrência de mudanças gradativas na distribuição mundial de poder no decorrer da primeira década do século XXI; iii) a ascensão de governos de esquerda ou de centro-esquerda na América do Sul com o esgotamento do modelo neoliberal no subcontinente. Entre os fatores domésticos, elencamos: i) a reestruturação da política doméstica brasileira iniciada com a crise financeira de 1999 e consolidada com as eleições presidenciais de 2002; ii) a reorientação de grupos específicos dentro do MRE; iii) a própria alternância de FHC e Lula na presidência da República.

Orientador:

Mónica Salomón

Palavras-chave:

Mudanças na Política Externa; Política Externa Brasileira; Política Externa de Fernando Henrique Cardoso; Política Externa de Lula da Silva; Estados Unidos