Instituição de ensino: |
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) |
Programa: |
Sociedade, Cultura e Fronteiras |
Autor: |
Ilidio Enoque Alfredo Macaringue |
Titulação: |
Mestre |
Ano de defesa: |
2014 |
Link: |
Não disponível |
Resumo: |
Neste trabalho, o nosso foco radica na análise das políticas linguísticas e da situação sociolinguística e sociocultural em Moçambique decorrente da confluência de várias línguas e culturas para compreender os processos de nativização/ nacionalização da língua portuguesa no país. Ao longo do trabalho usámos, com regularidade, o termo nacionalização tendo em vista evidenciar os processos subjacentes à apropriação do Português em Moçambique, perspectivando o pressuposto político-ideológico de ser uma língua oficial e de unidade nacional, língua de Estado e da nacionalidade moçambicana. O interesse em pesquisar a temática prende-se com as ambivalências das bases epistemológicas da política linguística do país que preconizou a oficialização do Português sem o nacionalizar e nacionalizou as línguas bantu, também designadas línguas autóctones, e que o discurso oficial as tipifica como línguas nacionais, não obstante estarem fragmentadas geograficamente, ou seja, sem extensão territorial nacional, sem as oficializar. Mais ainda, pelo facto de profissionalmente trabalharmos na área da língua portuguesa e o dia-a-dia demonstrar evidências de que o Português em Moçambique caminha à margem do desiderato oficial, isto é, a pretensa replicação dos traços característicos da norma europeia adoptada como norma-padrão, língua oficial e de unidade nacional em 1975, ano da independência do país, razão pela qual está sendo modificado pelo uso e direito costumeiro dos falantes como resultado do cruzamento de diferentes línguas e culturas tendo em conta alguns dos estudos, dos quais destacamos os de Gonçalves (1996a, 1996b, 1998, 2010), Firmino (2006) e Mendes (2010). Os dados analisados, decorrentes dos excertos de textos literários, de jornais e de uma revista permitem-nos asseverar que o Português Europeu está sendo nacionalizado em decorrência da sua apropriação linguístico-cultural e simbólico-ideológica pelos moçambicanos, daí o surgimento de outra língua portuguesa no país. Esta perspectiva é de César e Cavalcanti (2007), na medida em que se referem aos diferentes falares do Português não como variedades ou dialectos, mas outras línguas legitimadas pelos usos socioculturais e contextuais da língua. Por isso, o Português de Moçambique deve ser normatizado. Igualmente, os resultados da pesquisa mostraram, por exemplo, que as políticas linguísticas estão desarticuladas com o actual contexto sociolinguístico do país, por conseguinte urge a necessidade de serem revistas para darem cobertura à diversidade linguístico-cultural e enquadrar no sistema político-administrativo do Estado muitas pessoas que se sentem à margem da sociedade homogeneizada, tendo em conta que a cultura que une é também a cultura que separa. E para compreendermos os contornos sociolinguísticos que estão a ocorrer no país recorremos a diversos procedimentos metodológicos, tais como a pesquisa qualitativa, auxiliada pelos paradigmas interpretativista de Bortoni-Ricardo (2008) e indiciário de Ginzburg (1989). |
Orientador: |
MARIA ELENA PIRES SANTOS |
Palavras-chave: |
língua portuguesa; Moçambique; políticas linguísticas; |