Instituição de ensino:

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Programa:

Antropologia Social

Autor:

Victor Raul Ortiz Contreras

Titulação:

Mestrado

Ano de defesa:

2008

Link:

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/zeus/auth.php?back=http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000443870&go=x&code=x&unit=x

Resumo:

 Esta dissertação consiste em um estudo histórico e comparativo de dois processos de territorialização indígena no contexto sul-americano. Em primeiro lugar, trata da situação dos Mapuche no Chile, enfocando tanto o processo de etnogênese no período colonial quanto a ocupação de seus territórios autônomos no período que vai de meados do século XIX ao princípio do século XX. Em segundo lugar, aborda a situação dos Kaiowá-Guarani no Brasil, analisando os aspectos formativos de suas identidades sociais no período colonial e descrevendo o processo de ocupação agro-econômica, no final do século XIX, e o posterior aldeamento promovido pelo Serviço de Proteção ao Índio, entre 1915 e 1928, na fronteira sul-mato-grossense. O objetivo central da pesquisa é dimensionar comparativamente os processos sociais e os conflitos ideológicos que tornaram possível a criação de contextos básicos de ocupação dos territórios indígenas por parte dos respectivos Estados. Para tanto, é utilizado como marco analítico o conceito de territorialização, definido, conforme J.P. de Oliveira Filho, como uma intervenção da esfera política hegemônica que prescreve um território determinado a um conjunto de indivíduos e grupos sociais. Nossa hipótese é que tais processos não estabeleceram modalidades unilaterais, estáticas e cabalmente impositivas de delimitação espacial, sendo a própria manifestação de uma identidade territorial mapuche ou kaiowá-guarani conseqüência de suas intensas relações interétnicas e intersocietárias. Um segundo objetivo, que advém do anterior, consiste em entender as conexões temporais entre os processos históricos de territorialização indígena e a configuração de uma etnopolítica no presente, a qual se articula nas demandas e reivindicações de ?recuperação? dos territórios tidos como tradicionais. Todos os indícios históricos apontam que a perda da autonomia territorial significou para ambos os grupos, Mapuche e Kaiowá, um momento crítico de sua história recente, a partir do qual se redefiniram, no decorrer do século XX, e se redefinem, no presente, as condições de suas relações intersocietárias. A partir desse duplo movimento analítico, pode-se concluir que efetivamente é o território o âmbito estratégico-administrativo mais relevante na situação de incorporação de populações indígenas dentro (e por parte) do Estado-nação. Do ponto de vista indígena, no entanto, a cronologia de fatos históricos que caracterizam a perda de suas autonomias territoriais tem profundas implicações para o modo como esses grupos pensam e agem nas conjunturas do presente

Orientador:

John Manuel Monteiro

Palavras-chave:

Indios Kaiwa; Indios Mapuche; Relações etnicas; Etnologia