Instituição de ensino:

Universidade de Brasília (UnB)

Programa:

Relações Internacionais

Autor:

Bruno Vieira de Macedo

Titulação:

Mestrado

Ano de defesa:

2014

Link:

 http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/15747/1/2014_BrunoVieiraMacedo.pdf

Resumo:

 Em 2008, o economista argentino Sérgio Marcelo Cesarin, escrevendo a respeito dos vetores de construção de poder que têm permitido à China se tornar potência, ressaltou o papel das multinacionais chinesas nesse processo. Cesarin identificou estratégia de atuação segundo a qual essas empresas estariam incorporando às suas estruturas produtivas o máximo em termos de tecnologia de ponta, com o objetivo de construir poder econômico e estabelecer padrões tecnológicos diferentes daqueles vigentes em âmbito internacional, especialmente no setor de telecomunicações, com vistas a criar novas relações de dependência, agora para com a China, que rebaixassem a posição de países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Europa e Japão. Tendo o argumento de Cesarin como pano de fundo, o objetivo da pesquisa foi analisar a relação entre a presença de multinacionais chinesas de Telecom (Huawei e ZTE) no Brasil e os crescentes déficits que o país registra com a China na balança comercial de equipamentos desse setor. Buscou-se averiguar como a atuação dessas multinacionais no Brasil contribuiu para a formação de uma relação de interdependência assimétrica entre os dois países, em favor da China, e testar a hipótese de que tais empresas estariam agindo para promover padrões tecnológicos novos no Brasil capazes de gerar dependência tecnológica com impactos na balança comercial bilateral. A pesquisa, realizada, essencialmente, com base em livros, textos, artigos e entrevistas obtidos na internet, encontrou indícios de que o padrão TD-LTE, promovido por multinacionais chinesas, está, de fato, redistribuindo poder e rebaixando a posição relativa de tradicionais potências econômicas frente à China no cenário mundial. Quanto à atuação no Brasil, apenas a Huawei articulou-se para promover novo padrão tecnológico: o LTE 450 MHz. Entretanto, ainda não é possível, ao final de 2013, calcular o impacto causado por esse padrão na economia e na indústria brasileiras. Até o momento, o impacto comercial gerado pelas multinacionais chinesas no Brasil segue o perfil de outras multinacionais que atuam no país, e é provocado, principalmente, pela importação de dois tipos de produtos: partes e peças para a montagem de aparelhos comercializados no mercado doméstico; e equipamentos que operam segundo padrões tradicionais e que visam a atender às demandas de investimentos em infraestrutura realizados por operadoras de Telecom.

Orientador:

Danielly Silva Ramos Becard

Palavras-chave:

China; Brasil; Telecomunicações; Empresas multinacionais; Comércio internacional