Instituição de ensino:

Programa San Tiago Dantas (UNESP, Unicamp e PUC-SP)

Programa:

Relações Internacionais

Autor:

Luiza Rodrigues Mateo

Titulação:

Mestrado

Ano de defesa:

2011

Link:

 http://www.santiagodantassp.locaweb.com.br/br/arquivos/defesas/Luiza_Mateo.pdf

Resumo:

 A religião tem exercido uma influência multidirecional no plano internacional através de movimentos transnacionais e conflitos étnico-nacionais, formatação de identidades e legitimação política que perfazem o ressurgimento do sagrado que caracteriza o século XXI como pós-secular. Diante deste quadro, questiona-se a negligência dirigida ao tema religioso pela disciplina das Relações Internacionais, situando tanto os impasses teóricos como as possibilidades analíticas abertas contemporaneamente. A escolha dos Estados Unidos como estudo de caso se deve ao caráter extremamente devoto da população e sua relevância na construção do “espírito americano”. Os mitos fundacionais protestantes ajudam a entender a celebração da pátria contida na religião civil. De tempos em tempos, momentos de despertar religioso varreram os Estados Unidos, moldando seu dinâmico mercado religioso e o vigor evangélico engajado que caracteriza a atual “igreja americana”. Recentes mudanças no protestantismo trouxeram nova dinâmica para a intersecção entre religião e política, colocando em questão as bases do secularismo institucional dos Estados Unidos. Por muito tempo na história americana, a sociedade religiosa e o governo secular coexistiram e se reforçaram mutuamente. O muro de separação entre Igreja e Estado e a liberdade religiosa são valores fundamentais da república defendidos desde o século XVIII pelos pais fundadores. Na segunda metade do século XX, contudo, grupos religiosos articulados em torno de uma agenda conservadora começaram a influenciar o debate sobre questões morais como aborto e direitos homossexuais, e mobilizar os fiéis para as eleições locais e federais. Nota-se, portanto, padrões como a “lacuna de frequência religiosa” e a retórica religiosa de líderes políticos, que traduzem a nova investida da religião no espaço público americano. O foco deste trabalho reside na investigação dos transbordamentos desta interface religião/política para a política externa americana. Para tanto, destaca-se a relevância da mentalidade religiosa na percepção da alteridade e a projeção dos interesses da direita cristã sobre a agenda internacional americana, seja através da ajuda externa, com as Iniciativas Baseadas na Fé, ou do sionismo cristão subjacente ao lobby de Israel. Por fim, destacamos a política de liberdade religiosa como dupla influência da religião na política externa americana na virada para o terceiro milênio. A aprovação do International Religious Freedom Act de 1998 foi resultado de uma mobilização da sociedade civil religiosa, incluindo lideranças da direita cristã. A tramitação da lei no Congresso revelou forças diferentes no movimento evangélico americano que, no entanto, traziam a mesma meta de levar a religião para dentro de Departamento de Estado americano e consolidar a liberdade religiosa ao redor do mundo.

Orientador:

Luis Fernando Ayerbe

Palavras-chave:

Religião; Liberdade religiosa; Política; Política externa; Estados Unidos