Instituição de ensino: |
Universidade de Brasília (UnB) |
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Programa: |
Ciência Política |
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Autor: |
Rita de Cássia Martins Teixeira |
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Titulação: |
Mestrado |
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Ano de defesa: |
2009 |
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Link: |
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Resumo: |
O objetivo dessa dissertação é apresentar causas que explicam porque, desde os anos 1990, setores sociais urbanos e populares da Bolívia altiplânica e de Cochabamba, anteriormente organizados em movimentos sociais portadores de identidades e demandas fundamentadas em concepções socialistas universalistas de classe e luta social e nos quais prevalecia auto-percepção étnica de seus integrantes como mestiços passaram a se organizar em novos movimentos, os quais adotaram discurso indígena e demandas por justiça social concebidas em termos de redistribuição material e também de reconhecimento identitário. A metodologia utilizada é de cunho qualitativo com ênfase em entrevistas não direcionadas com líderes dos movimentos sociais e interpretação de documentos de fontes primárias. Os objetos de estudo são as organizações de mineiros, as associações de bairros de El Alto e La Paz e as federações de plantadores de folha de coca. Os movimentos estudados se valem de discurso identitário indígena como estratégia de re-significação e atualização de sua luta por democratização política e sócio-econômica e, por conseguinte, de recuperação de capacidade de mobilização das suas bases em novo contexto ideológico e social. Esse contexto é de consolidação do pós-modernismo na academia e na política, o que gerou valorização do direito à diferença como princípio definidor das identidades políticas, e justificou a defesa do direito dos indígenas ao desenvolvimento social autônomo e diferenciado, incorporado às leis internacionais e às legislações internas de vários países, inclusive Bolívia. Por outro lado, antigas demandas, discursos e noções de justiça inspirados por concepções universalistas e socialistas de luta social foram deslegitimados nos planos interno e externo, contribuindo para perda de representatividade dos movimentos baseados em identidades de classe. Outra causa da transformação estratégica dos movimentos sociais foi sua reação (e adaptação) ao fortalecimento de laços de identificação e de lealdade políticas indígenas, os quais se tornaram (ou estão se tornando) gradualmente mais importantes para os atores envolvidos que a própria identidade nacional boliviana. O protonacionalismo étnico é resultado de reação à histórica exclusão econômica, política e social dos indígenas, intensificada pela crise conjuntural dos anos 1980 e 1990, e à discriminação étnica. |
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Orientador: |
Paulo César Nascimento |
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Palavras-chave: |
Movimentos sociais; Índios; América do Sul; Nacionalismo |